Sim, cannabis e maconha são termos frequentemente utilizados de forma intercambiável para se referir à planta Cannabis sativa L. Esta é uma planta da família Cannabaceae. Cultivada há milhares de anos, ela contém mais de 100 compostos chamados canabinoides, incluindo o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC é responsável pelos efeitos psicoativos da maconha, enquanto o CBD possui propriedades terapêuticas e medicinais.

A cannabis tem sido estudada por seus potenciais benefícios terapêuticos em uma variedade de condições de saúde em humanos e animais. Em humanos pode tratar dor crônica, epilepsia, ansiedade, depressão, náuseas, vômitos, esclerose múltipla, distúrbios do sono, doenças autoimunes, etc. Em animais se pode tratar dor crônica, inflamação, ansiedade , convulsões, epilepsia, problemas dermatologicos e câncer.

A regulação do Sistema Endocanabinoide (SEC) é uma parte essencial do funcionamento do corpo humano, desempenhando papéis vitais em diversos processos biológicos. Este sistema é composto por receptores localizados em todo o corpo, que interagem com os compostos químicos produzidos pelo próprio organismo, conhecidos como endocanabinoides. O SEC atua como um sistema de sinalização sofisticado, respondendo a mudanças no ambiente interno e externo para manter a homeostase, ou equilíbrio interno, do organismo. Por exemplo, durante períodos de estresse, o SEC pode modular a liberação de neurotransmissores relacionados ao estresse, ajudando a regular nossa resposta emocional. Além disso, o SEC desempenha um papel crucial na regulação da dor, tanto aguda quanto crônica, influenciando a percepção da dor e os processos inflamatórios. No cérebro, ele está envolvido em funções cognitivas como memória, aprendizado e controle motor, bem como na regulação do humor e do sono. Além disso, o SEC também desempenha um papel na regulação do metabolismo, afetando o apetite, o armazenamento de energia e até mesmo a regulação do peso corporal. Portanto, a regulação adequada do SEC é essencial para manter o equilíbrio fisiológico e promover a saúde e o bem-estar geral do organismo.

As vias comuns de administração incluem a oral, onde a cannabis é administrada através de óleos de CBD ou produtos comestíveis como biscoitos infundidos com cannabis. A via sublingual também é utilizada, envolvendo a aplicação de óleos de CBD sob a língua do animal para uma absorção mais rápida na corrente sanguínea. Além disso, a administração tópica é realizada através de produtos como pomadas ou cremes, aplicados diretamente na pele do animal para tratar condições de pele, inflamação ou dor localizada. A via inalatória envolve a inalação de vapores de cannabis, seja por vaporização de óleo de CBD ou flores de cannabis, permitindo uma absorção rápida na corrente sanguínea. Outra opção é a administração retal, utilizando supositórios de cannabis para tratar condições como dor, inflamação ou distúrbios gastrointestinais. Em situações clínicas específicas, a cannabis também pode ser administrada por via intravenosa ou intramuscular para um efeito mais imediato, sempre sob a orientação e supervisão de um veterinário qualificado. Cada via de administração possui suas próprias características, incluindo a velocidade de absorção e a duração do efeito, sendo a escolha da via adequada determinada pela condição de saúde do animal, a formulação do produto de cannabis e as preferências do tutor, sempre sob orientação veterinária qualificada.

Os efeitos da cannabis podem variar consideravelmente entre diferentes espécies animais, doses administradas e sensibilidades individuais de cada animal. Alguns dos sintomas mais comuns de intoxicação por cannabis em animais incluem letargia, manifestada por um estado sonolento ou falta de interesse nas atividades habituais, e ataxia, caracterizada pela falta de coordenação motora, resultando em movimentos descoordenados e dificuldade para se locomover. Em casos mais graves, a cannabis pode causar depressão respiratória, levando a dificuldades respiratórias e diminuição da frequência respiratória. Outros sintomas a serem observados são a hipersalivação, taquicardia, incoordenação geral e possíveis episódios de vômitos. É de suma importância estar ciente desses possíveis efeitos colaterais e procurar imediatamente assistência veterinária se houver qualquer suspeita de intoxicação. Como medida preventiva, os tutores devem garantir que a cannabis e produtos relacionados sejam armazenados de maneira segura, fora do alcance dos animais de estimação, e sempre buscar orientação veterinária antes de administrar qualquer forma de cannabis aos seus animais de estimação.